Para pensar em
habilidades socioemocionais não podemos desconsiderar todo o movimento de
transformação da educação ocorrida no Brasil ou no mundo na década de 1990. Um
marco significativo nesse sentido é a aprovação do relatório "Educação, um
Tesouro a descobrir" que explora os Quatro Pilares da Educação, produzido
Jacques Delors que amplia o olhar para formação integral dos estudantes. Os
quatro pilares descritos por Delors envolvem: aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a ser e aprender a conviver.
O texto da Lei de
Diretrizes e Bases e a Base Nacional Curricular já traziam esse olhar ampliado
para educação, assim como Antoni Zabala contribuiu para orientar na preparação
de projetos que contemplasse diferentes conhecimentos: conceitual,
procedimental e atitudinal. Este
movimento histórico chama atenção para olhar para o processo de
ensino-aprendizagem como um processo mediado pela interação social entre professor(educador)
e aluno(educando) e ressalta o papel da educação para além do conhecimento conceitual,
considerando que para fazer, ser e conviver é preciso desenvolver habilidades
socioemocionais.
Paralelamente a esse
movimento na educação, surgiu o movimento da inclusão no ensino regular. As
pessoas com deficiência passaram das instituições especializadas para as
escolas regulares trazendo a demanda do olhar para a diversidade na sala de
aula. Dessa forma, o processo da inclusão e do desenvolvimento integral estão
entrelaçados e são diretamente relacionados. Pensar em educação inclusiva é
pensar em formação ou desenvolvimento integral do estudante e vice-versa.
Atualmente, o tema das
habilidades socioemocionais ganhou destaque uma vez que a Base Nacional Comum
Curricular que apresenta um grupo de dez grandes competências gerais que são:
comunicação, argumentação, pensamento crítico, científico e criativo,
autoconhecimento e autocuidado, empatia, responsabilidade e cooperação e que
para serem ensinadas precisam ser compreendidas como conjuntos de habilidades socioemocionais.
Nesse âmbito, vale
ressaltar que ensinamos habilidades e não competências. Competência é avaliada,
por exemplo, quando em uma determinada situação uma pessoa apresenta várias
habilidades e atinge o objetivo da situação proposta, consegue autocontrolar-se
e respeita os direitos dos outros dizemos que ela foi competente socialmente.
Dessa forma, ensinamos habilidades e avaliamos competências. Outro grande ponto
de atenção é que precisamos considerar a autorregulação como peça chave tanto
no sentido da aprendizagem como no aspecto emocional.
Além disso, existe uma
vasta literatura sobre habilidades sociais que podem auxiliar o professor neste
olhar. Habilidades sociais podem ser compreendidas como todos os comportamentos
sociais envolvidos na interação social que mantem ou melhoram a relação. Diversos
materiais para estudo estão disponíveis em www.rihs.ufscar.org,
grupo coordenado por Zilda e Almir Del Prette.
Por fim, queremos
ressaltar que a aprendizagem de habilidades socioemocionais depende das ações
do professor na interação com o estudante, portanto é necessário refletir sobre
o conjunto de habilidades dos professores e aprimorá-las por meio de mentoria com
outros professores e mediação de profissional
qualificado nesta área. Quer conhecer mais sobre o tema: www.sereducativo.com.br
Texto produzido a partir
da live com Dra. Andrea Rosin Pinola e Marina Stucchi no perfil da
Inclua – Assessoria em inclusão (25/05/2020)