#17. Habilidades socioemocionais e inclusão escolar

Para pensar em habilidades socioemocionais não podemos desconsiderar todo o movimento de transformação da educação ocorrida no Brasil ou no mundo na década de 1990. Um marco significativo nesse sentido é a aprovação do relatório "Educação, um Tesouro a descobrir" que explora os Quatro Pilares da Educação, produzido Jacques Delors que amplia o olhar para formação integral dos estudantes. Os quatro pilares descritos por Delors envolvem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. 

O texto da Lei de Diretrizes e Bases e a Base Nacional Curricular já traziam esse olhar ampliado para educação, assim como Antoni Zabala contribuiu para orientar na preparação de projetos que contemplasse diferentes conhecimentos: conceitual, procedimental e atitudinal.  Este movimento histórico chama atenção para olhar para o processo de ensino-aprendizagem como um processo mediado pela interação social entre professor(educador) e aluno(educando) e ressalta o papel da educação para além do conhecimento conceitual, considerando que para fazer, ser e conviver é preciso desenvolver habilidades socioemocionais. 

Paralelamente a esse movimento na educação, surgiu o movimento da inclusão no ensino regular. As pessoas com deficiência passaram das instituições especializadas para as escolas regulares trazendo a demanda do olhar para a diversidade na sala de aula. Dessa forma, o processo da inclusão e do desenvolvimento integral estão entrelaçados e são diretamente relacionados. Pensar em educação inclusiva é pensar em formação ou desenvolvimento integral do estudante e vice-versa.  

Atualmente, o tema das habilidades socioemocionais ganhou destaque uma vez que a Base Nacional Comum Curricular que apresenta um grupo de dez grandes competências gerais que são: comunicação, argumentação, pensamento crítico, científico e criativo, autoconhecimento e autocuidado, empatia, responsabilidade e cooperação e que para serem ensinadas precisam ser compreendidas como conjuntos de habilidades socioemocionais. 

Nesse âmbito, vale ressaltar que ensinamos habilidades e não competências. Competência é avaliada, por exemplo, quando em uma determinada situação uma pessoa apresenta várias habilidades e atinge o objetivo da situação proposta, consegue autocontrolar-se e respeita os direitos dos outros dizemos que ela foi competente socialmente. Dessa forma, ensinamos habilidades e avaliamos competências. Outro grande ponto de atenção é que precisamos considerar a autorregulação como peça chave tanto no sentido da aprendizagem como no aspecto emocional. 

Além disso, existe uma vasta literatura sobre habilidades sociais que podem auxiliar o professor neste olhar. Habilidades sociais podem ser compreendidas como todos os comportamentos sociais envolvidos na interação social que mantem ou melhoram a relação. Diversos materiais para estudo estão disponíveis em www.rihs.ufscar.org, grupo coordenado por Zilda e Almir Del Prette.

Por fim, queremos ressaltar que a aprendizagem de habilidades socioemocionais depende das ações do professor na interação com o estudante, portanto é necessário refletir sobre o conjunto de habilidades dos professores e aprimorá-las por meio de mentoria com outros professores e mediação de profissional qualificado nesta área. Quer conhecer mais sobre o tema: www.sereducativo.com.br

Texto produzido a partir da live com Dra. Andrea Rosin Pinola e Marina Stucchi no perfil da Inclua – Assessoria em inclusão (25/05/2020)

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