#1. Altas Habilidades

Quando falamos de altas habilidades não podemos perder de vista que não é de agora que temos o dever de atender esse público. A legislação, desde as primeiras versões da Lei de Diretrizes e Bases e Constituição Federal ampliavam o olhar na área de educação especial. 

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O termo “altas habilidades” ainda não é um consenso, sendo que alguns estudiosos utilizam outras nomenclaturas, como superdotados ou talentosos.

A caracterização das altas habilidades/superdotação está relacionada à facilidade para aprender, mas não com o mesmo ritmo em todos os momentos e disciplinas/temas/áreas. Um equívoco é associar o superdotado com a expectativa de um comportamento ideal, como os modelos de superdotados caracterizados em filmes, por exemplo e com um estereótipo de “gênio”. 

Joseph Renzulli, estudioso e autor adotado na última versão da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, define três grandes características para altas habilidades (Teoria dos Três Anéis):

  • Capacidade acima da média;

  • Envolvimento com a tarefa ou motivação para aprendizagem (interesse pelo tema que demonstra facilidade); e

  • Criatividade.

Com uma teia cultural que compõe esses três olhares, estas são características amplas para identificação, mas podem nortear uma observação mais aprofundada. A grande maioria das pessoas tem capacidades em áreas específicas e se destaca por isso, mas é necessário observar as duas demais características. Vale lembrar que capacidade acima da média não necessariamente quer dizer rendimento nas avaliações formais da escola.

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Muito tem se discutido sobre a origem do quadro. Atualmente reconhecemos que tem um aspecto ambiental e biológico envolvidos nesse contexto. Por isso a necessidade de associarmos sempre o processo de identificação com uma proposta de estimulação. E a partir do momento que se identifica e se estimula que é possível atender esse estudante e minimizar as possíveis carências emocionais, por exemplo, e empregar a criatividade para algo positivo em sala. É preciso também que o professor continue acreditando e dando possibilidades para esse aluno se expressar e se sentir parte importante no processo de aprendizagem com o grupo. O desafio para o professor, é dar abertura e valorizar essa criatividade cotidiana, desde pequenas ações como trazer resoluções diferentes para situações-problema, até explorar novos olhares e visões sobre a rotina escolar. Para a família, é preciso dar o apoio emocional e psicológico necessário, para lidar com suas diferenças e que se destacam num grupo.

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A partir do momento que se identifica temos, dentre outras, três formas de estimular e proporcionar apoio ao estudante com altas habilidades:

  • Enriquecimento curricular: se efetiva no contraturno e/ou no turno regular, para se aprofundar temas ou projetos específicos na área em que ele(a) tenha facilidade;

  • Aceleração: requer apoio da equipe docente para acelerar um ano/série completo ou um componente curricular específico. Como é um processo irreversível após aprovação no Conselho Escolar, precisa-se ter um cuidado extra com não somente os aspectos cognitivos/intelectuais, mas também com os aspectos emocionais.

  • Atendimento educacional especializado (AEE): é desenvolvido no modelo de suplementação curricular, voltado para aprofundamento das áreas identificadas, em sala de recursos multifuncional, sempre no contraturno, de modo a se articular com o ensino regular de acordo com o PEI- Plano de Ensino Individualizado.


O plano de ensino individualizado (PEI) funciona como um registro das estratégias utilizadas, organizando o apoio do aluno em sala e fora dela. É importante colocar o que será proposto e quais estratégias, observando cuidadosamente as áreas em que ele tem avanço, e não somente aquilo que ainda é necessário avançar.

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É importante também manter-se atento ao assincronismo intelectual-emocional, muito comum nesses casos. Ou seja, ter uma grande habilidade em uma área e apresentar uma dificuldade relevante para outras, ou mesmo o assincronismo entre casa-escola, com diferentes padrões de qualidade escolar. Por isso ter um olhar humano e integral para esse estudante é importante para acolhê-lo e saber conduzi-lo de maneira favorável no ambiente escolar, diante dos outros.

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Muitas vezes não se consegue ajustar a chamada “idade mental” da pessoa à sua habilidade. O que se deve pensar é em formas de atendê-la adequadamente e no ritmo do estudante, e em diferentes momentos da etapa escolar. É importante lembrarmos que as altas habilidades/superdotação não são perdidas com o tempo, mas elas podem se esvair se não forem estimuladas. Por isso, é preciso saber aproveitar o potencial em sala de aula!


Autoria:


Texto transcrito a partir do conteúdo abordado por Bárbara Delpretto, em Live no Instagram, em 30/03/2020. Graduada e mestre em Educação Especial,  professora, que já atuou como consultora técnica e pedagógica da Unesco e trabalhou nas Secretarias de Educação Especial e de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC. 


Equipe Inclua


Carolina Magro de Santana Braga

Marina M. Stucchi Silva

Ivana Garcia Nogueira Targino


O plano de ensino individualizado (PEI) funciona como um registro das estratégias utilizadas, organizando o apoio do aluno em sala e fora dela. É importante colocar o que será proposto e quais estratégias, observando cuidadosamente as áreas em que ele tem avanço, e não somente aquilo que ainda é necessário avançar.

É importante também manter-se atento ao assincronismo intelectual-emocional, muito comum nesses casos. Ou seja, ter uma grande habilidade em uma área e apresentar uma dificuldade relevante para outras, ou mesmo o assincronismo entre casa-escola, com diferentes padrões de qualidade escolar. Por isso ter um olhar humano e integral para esse estudante é importante para acolhê-lo e saber conduzi-lo de maneira favorável no ambiente escolar, diante dos outros.

Muitas vezes não se consegue ajustar a chamada “idade mental” da pessoa à sua habilidade. O que se deve pensar é em formas de atendê-la adequadamente e no ritmo do estudante, e em diferentes momentos da etapa escolar. É importante lembrarmos que as altas habilidades/superdotação não são perdidas com o tempo, mas elas podem se esvair se não forem estimuladas. Por isso, é preciso saber aproveitar o potencial em sala de aula!

Autoria:
Texto transcrito a partir do conteúdo abordado por Bárbara Delpretto, em Live no Instagram, em 30/03/2020. Graduada e mestre em Educação Especial, professora, que já atuou como consultora técnica e pedagógica da Unesco e trabalhou nas Secretarias de Educação Especial e de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC. 
Equipe Inclua
Carolina Magro de Santana Braga
Marina M. Stucchi Silva
Ivana Garcia Nogueira Targino

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