#5. Transtorno de Aprendizagem de Déficit de Atenção

Vamos conversar sobre Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade?


O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) apresenta características distintas ao longo da vida. Na primeira infância o que diferencia uma criança com TDAH, não é o padrão de impulsividade e hiperatividade necessariamente. A agitação não é um bom parâmetro, pois é típico da criança. Algumas situações como o ambiente familiar, atraso no ingresso na escola, atraso na fala podem interferir no comportamento, trazendo características de agitação que não necessariamente estão relacionadas à TDAH. 

Dessa forma, uma característica que parece mais relacionada à TDAH na primeira infância é o padrão de desatenção. A desatenção e desmotivação não são naturais de uma criança, pois nessa faixa etária é comum o interesse, a curiosidade e a atenção mais constante, mesmo que mais curta.

Lembrando que o TDAH pode ter três subtipos, ou apresentações: Hiperativo/Impulsivo, Desatento ou Combinado. O objetivo não é diagnosticar as crianças já na primeira infância para fornecer um rótulo e sim para estimular o desenvolvimento de funções que podem ajudar essa criança no decorrer da sua vida. Embora estejamos conversando sobre características que podem sugerir a suspeita de TDAH, essa não deve ser a primeira hipótese para o diagnóstico. Vale a pena investigar outras causas, inclusive alterações sensoriais (visão, audição).

Na etapa da alfabetização, momento no qual a criança necessitará realizar muitos treinos, pode-se também intensificar os sintomas do TDAH. Podemos perceber nesta fase dificuldades para se alfabetizar, porque a criança precisa se dedicar e fazer atividades até o final, ou processar a informação de forma mais automática e rápida, o que não ocorre se estiver distraindo-se com muita facilidade. Vale ressaltar a importância de investigar como essa dificuldade acontece em outras situações, como em outras aulas, dificuldades em seguir comandos no dia-a-dia, o momento de recreio.

Quando o TDAH é diagnosticado uma opção de tratamento é o uso de medicação. Neste quadro a dopamina é um dos neurotransmissores que estão alterados, e ela está diretamente relacionada à atenção. O videogame e jogos on-line são extremamente estimulantes e prazerosos, assim a criança consegue manter a atenção nestes momentos e não nos demais. 

Na fase adolescência os transtornos de humor podem andar junto com sintomas do TDAH. A questão da autoestima impacta também, uma vez que o adolescente com TDAH já percebe mais claramente suas dificuldades. Já demonstra resistência para receber apoio ou mesmo adaptações em avaliações escolares. Conversar com o adolescente sobre o assunto é de extrema importância, inclusive esclarecendo o que é TDAH e como pode impactar a vida dele. Ficar atento ao aspecto emocional desse aluno ou do filho é necessário para ajudar a perceber sintomas que podem ir além do TDAH e valorizar outras habilidades.

Lembrando que a pessoa para ser diagnosticada com TDAH tem que ter apresentado os principais sintomas antes dos 12 anos. Questões como ansiedade também apresentam sintomas parecidos com o TDAH, por isso a avaliação para sugerir um diagnóstico precisa ser criteriosa. No adolescente é incomum percebermos a agitação motora como na criança, pois já consegue controlar melhor o corpo, mas apresentará provavelmente impulsividade, envolvendo-se em conflitos com frequência ou mesmo apresentando o comportamento de “agir sem pensar”. O padrão desatento se parece, muitas vezes, com timidez, o que interfere no diagnostico, pois é confundindo com uma característica pessoal.

Na fase adulta também ocorre um funcionamento parecido: o padrão de hiperatividade, a agitação motora aparece como impulsividade. A agitação motora é mais discreta, mas a impulsividade fica mais clara. O padrão mais desatento aparenta uma “calma” que incomoda as pessoas ao redor. Os prejuízos têm que ser notados em mais de um ambiente para pensarmos no diagnóstico de TDAH. Na fase adulta a intervenção precisa ser focada em estratégias compensatórias de organização, com maior apoio e cuidado para se organizar com tempo e objetos. Para quem convive com um adulto com TDAH é importante entender que esses comportamentos estão além do controle da pessoa e não são intencionais, para que situações do dia-a-dia gerem menos conflitos. 

Autora: Carolina Braga

;